A atividade de mineração de criptoativos tem se expandido de forma acelerada, apresentando desafios críticos para o meio ambiente e a sociedade.

O Que é Mineração de Criptoativos?

A mineração de criptoativos baseia-se no modelo de Proof of Work, no qual poderosos computadores competem para validar transações digitais e gerar novas unidades monetárias.

Esse processo exige altos volumes de energia elétrica e recursos computacionais especializados, normalmente implementados em grandes fazendas de servidores. As operações podem variar desde pequenos rigs domésticos até instalações industriais com milhares de equipamentos em operação contínua.

Consumo de Energia: Escalas e Comparações

Entre 2015 e 2023, o consumo energético da mineração de Bitcoin aumentou 34 vezes, atingindo 121 TWh anuais. Esse valor é comparável ao consumo energético de países como a Finlândia e a Argentina.

Em regiões como a Ásia-Pacífico, até 65% da energia utilizada vem de hidrelétricas, mas ainda há participação significativa de fontes fósseis. Em alguns Estados dos EUA, a mineração compromete metas de transição para fontes limpas, gerando debates sobre limites à operação.

Emissões de Gases de Efeito Estufa

Estimativas apontam que a mineração de criptomoedas pode gerar até 114 milhões de toneladas de CO₂ em um único ano, valor equivalente às emissões de cidades de grande porte.

Cada vez que a dificuldade das redes aumenta, o consumo de energia cresce proporcionalmente, ampliando as emissões de gases de efeito estufa e impactando o esforço global de redução de carbono.

Consumo e Poluição de Água

Além do gasto elétrico, as operações de mineração utilizam grandes volumes de água para resfriamento dos equipamentos. Em uma instalação nos EUA, chegam a ser extraídos 525 milhões de litros por dia de um lago próximo.

A água retornada ao ecossistema em até 42°C causa proliferação de algas tóxicas, prejuízos à fauna aquática e riscos à saúde de comunidades ribeirinhas.

Geração de Lixo Eletrônico

O rápido ciclo de obsolescência dos equipamentos de mineração (ASICs e GPUs) gera diariamente toneladas de resíduos eletrônicos. Isso contribui para a poluição de solo e água, além de pressionar a extração de minerais para novos hardwares.

O descarte inadequado intensifica o risco de contaminação por metais pesados, colocando em risco ecossistemas e a saúde humana.

Aspectos Socioambientais e Comunidades

Os impactos ambientais são sentidos de forma desproporcional em países em desenvolvimento, onde grande parte da mineração se concentra. Nessas regiões, a atividade pode gerar:

• Conflitos por aumento no preço da energia elétrica.
• Degradação de cursos d’água e ecossistemas locais.
• Mobilização social em defesa de recursos naturais.

Em diversos casos, comunidades rurais movem processos judiciais para restringir operações que afetam sua subsistência.

Regulação e Normativas

O cenário regulatório é fragmentado: enquanto locais como o Texas (EUA) incentivam a instalação de fazendas de mineração, países como China, Irã e Argélia proibiram a prática.

No Brasil, a Lei 14.478/22 estabelece princípios e regras para limitar riscos ambientais e sistêmicos, exigindo licenciamento e relatórios de impacto energético e de carbono.

Soluções e Caminhos para Mitigação

Grandes iniciativas visam reduzir o impacto por meio de:

• Uso de energia renovável (solar, eólica e hidrelétrica).
• Adoção de hardware mais eficiente e de baixo consumo.
• Transição para modelos alternativos como Proof of Stake.

Mesmo com crescimento das fontes limpas, desafios de escala e armazenamento de energia ainda limitam a cobertura total das demandas de grandes operações.

Desafios e Perspectivas Futuras

A adoção de licenciamentos ambientais rigorosos tende a direcionar a mineração para práticas mais sustentáveis. No entanto, obstáculos técnicos, econômicos e de infraestrutura persistem.

O engajamento de governos, investidores e sociedade civil será fundamental para equilibrar inovação tecnológica e preservação ambiental.

Dados Relevantes em Números

Confira os principais indicadores sobre o impacto ambiental da mineração de criptoativos:

O quadro apresentado evidencia a urgência de promover práticas sustentáveis e colaborativas na mineração de criptoativos, alinhando inovação e respeito ao meio ambiente.

Somente por meio de ações coordenadas entre setor privado, governos e sociedade poderemos garantir que o avanço tecnológico não seja sinônimo de degradação ambiental.